José Mindlin,
empresário e bibliófilo brasileiro, disse certa vez que “não conseguiria viver
em um mundo sem livros”. E para refletir sobre o futuro do livro e os desafios
do universo editorial e acadêmico, a EDUSP promoveu, entre os dias 5 e 8 de
novembro, o Simpósio Internacional Livros
e Universidades. O evento celebra os 50 anos da editora com debates e
trocas de experiências entre profissionais de editoras universitárias brasileiras
e do mundo.
Diretor-Presidente
da editora desde 2000, o professor Plínio Martins Filho ressaltou que, desde
1989, a EDUSP se consolidou como uma editora independente, que atua na
publicação de obras de reconhecida relevância, e não pela lógica do mercado
editorial. Para a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, da
Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU-USP), as
editoras universitárias “têm que ter uma relação com a formação do gosto pela
leitura e isso ultrapassa qualquer condição de mercado”.
Para o diretor
da EDUSP, “o livro é a principal finalidade de uma editora, mas não é a única.
As editoras universitárias também funcionam como centros de pesquisa em arte,
comunicação e tecnologia”. Por isso, a EDUSP conta também com o Núcleo de
Estudos do Livro e da Edição, que trabalha para “incorporar os avanços das
artes gráficas com os avanços do saber”, explica. O grande desafio da EDUSP
para os próximos anos, aponta o vice-reitor da USP, Hélio Nogueira da Cruz,
será justamente incorporar as novas tecnologias à produção editorial.
O evento marca
a “estreia” do auditório da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Criada
em 2004 com a condição de conservar, divulgar e facilitar o acesso do acervo do
bibliófilo e sua esposa, o novo espaço vai abrigar, além do laboratório da
Brasiliana, o Instituto de Estudos Brasileiros, o laboratório do Sistema Integrado
de Bibliotecas da USP (SIBi) e uma livraria da EDUSP. “Será um grande centro de
humanidades, dedicado à preservação da memória e à universalização do acesso”,
diz o professor Pedro Puntoni, diretor da Biblioteca Mindlin.
A conferência
de abertura do simpósio foi realizada pelo professor Ivan Teixeira. Docente da
Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) e crítico literário, Teixeira falou
sobre o conceito de livro e a sua relação com a produção simbólica e a
História. Para Teixeira, o livro possui uma natureza híbrida, na qual o
conteúdo e o suporte se associam, possibilitando a existência conceitual da
arte. Todo livro tem princípio na cultura de uma comunidade, passando pelo
escritor e, finalmente, pelo leitor. Segundo o professor, ler equivale a
estabelecer relações com diversos códigos para fazer sentido. “O livro só se
completa quando ele é lido”, conclui.
O simpósio
internacional tem curadoria da professora Marisa Midori Deaecto, da ECA-USP. No
mês passado, a professora conquistou o 1º lugar no Prêmio Jabuti 2012, na
categoria Comunicação, com o livro O
Império dos Livros: Instituições e Práticas de Leitura na São Paulo
Oitocentista, publicado pela EDUSP.
Confira a programação completa do simpósio no site: http://www.edusp.com.br/livroseuniversidades/50anos.
por Verônica Cristo, 6/11/2012
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