O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP de São Carlos, realizou na última quarta-feira (12) o Workshop on Mathematics in Industry, evento que teve como objetivo mostrar as aplicações práticas da matemática nas áreas da indústria e que contou com a participação de algumas das maiores autoridades mundiais nessa área.
A abertura do evento foi feita por José Carlos Maldonado, diretor do ICMC. Na sequência, José Alberto Cuminato, coordenador do Centro de Matemática e Estatística Aplicadas à Indústria (CeMEAI), e organizador do workshop, apresentou a palestrante Barbara Keyfitz, da Universidade de Ohio, nos EUA. Ela falou das aplicações da matemática em diversas áreas da indústria, como na engenharia química.
Em seguida, Vanderlei Bagnato, docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e diretor da Agência USP de Inovação, apresentou alguns avanços no campo da ciência brasileira. Bagnato ressaltou que a USP tem conseguido atingir um patamar em excelência para fazer ciência, mas que isso ainda que isso não é o suficiente. “Vivemos em um período em que fazer boas pesquisas não é o suficiente. Necessitamos fazer ciência pensando como essa inovação tecnológica pode beneficiar as pessoas e o país”, afirmou.
Mario Primicerio, pesquisador da Universidade de Florença, na Itália, falou em seguida. Um dos maiores especialistas mundiais na área de aplicação industrial da matemática, Primicerio abordou a importância da disciplina nos diversos aspectos da química. Como exemplo ele citou sua pesquisa referente ao uso de ácidos no corte de mármore. Ele explicou que, nas reações químicas, o uso da matemática é enorme e que as técnicas atuais permitem medir com precisão a quantidade dos elementos utilizados. “Basicamente essa é uma técnica muito antiga, usada desde os tempos do Império Romano. Entretanto, atualmente podemos saber exatamente a quantidade que será usada e quais os resultados dela.”
Na palestra seguinte, Ernesto Birgin, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, falou sobre desenvolvimento e otimização de softwares. Ele destacou os desafio envolvidos no desenvolvimento e manutenção de softwares open source. Já no período da tarde, se apresentou Weldon Lodwick, da Universidade de Denver, Colorado, nos EUA. Em sua apresentação, ele focou em trazer problemas reais de matemáticos aplicados à indústria e à instituições de ensino."Este método prepara os alunos graduação e de pós-graduação da área da matemática aplicada para os problemas reais que encontrarão no mercado de trabalho", ressaltou.
O evento teve sequência com a apresentação de Mário Gazziro, do Departamento de Ciências da Computação do ICMC. Ele falou sobre o projeto Interface Neural Implantável, desenvolvido pelo ICMC em parceria com a Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, com a multinacional IBM e com outras instituições brasileiras, e que tem o objetivo de desenvolver uma interface cérebro-computador sem fio utilizando material biocompatível. "O projeto prevê permitir à humanidade um acesso de segurança para o córtex motor humano. Os resultados mostrarão quantos eletrodos podem ser alimentados dentro de um nível de segurança para o cérebro", concluiu.
Após, Julio Stern, também do IME-USP, falou sobre consultoria para indústria e empresas comerciais e financeiras. "Foi um grande desafio para mim. Fiz alguns projetos interessantes sobre matemática aplicada, incluindo alguns projetos da FAPESP". Na sequência, Guilherme Martins Ferreira, da empresa Dynamis Mecânica Aplicada, falou sobre o Rotary Kiln, um forno rotativo pesado utilizado na indústria de processamento de minerais, especialmente na fabricação de cimento. "O calor de entrada para o processo baseia-se na combustão de vários tipos de combustíveis. Portanto, no interior do forno rotativo podemos identificar muitos processos físicos e químicos que podem ser modelados matematicamente e permitem a simulação da operação do equipamento em condições diferentes".
O encerramento do evento contou outro pronunciamento do Prof. Cuminato. Para ele, o evento superou as expectativas em todos os aspectos, pois além de contar com apresentações de renomados pesquisadores de diversas áreas, teve ainda a presença de profissionais ligados à indústria. “O evento foi abrangente e teve o objetivo de divulgação. Procuramos mostrar que é possível resolver problemas práticos com aquilo que estudamos”. Cuminato ressaltou também os aspectos relacionados ao âmbito político e administrativo das pesquisas aplicadas à indústria. Para o próximo ano, ele espera organizar um evento de maior duração onde haverá workshops específicos para os públicos da indústria e da academia.
Texto por: Davi Marques Pastrelo, Assessoria de comunicação ICM USP
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