terça-feira, 13 de julho de 2010

Estação Ciência recebe a exposição francesa Epidemik

por Patrícia Ogando

Concebida e realizada originalmente na França, pelo museu La Cité des Sciences et de I’Industrie/Universience, de Paris, chega a São Paulo Epidemik. A exposição, através de painéis, depoimentos em vídeo, simulações, reportagens, fotos, documentos, entre outros, busca revelar os desafios que uma epidemia pode impor às sociedades. Em cartaz na Estação Ciência da USP até 26 de setembro, a mostra apresenta o acervo parisiense, bem como outros temas e materiais diretamente ligados à realidade da população brasileira. No Brasil, ela é resultado de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Saúde, a Sanofi-Aventis, com apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, e a Universidade de São Paulo, através da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

Epidemik é dividida em duas partes. Em uma delas, mostra – por meio de painéis com textos explicativos, de mapas-múndi temáticos e de depoimentos de pessoas de diversos pontos do mundo (inclusive do Brasil) – as grandes epidemias mundiais desde o Neolítico até os dias de hoje, abordando a gripe espanhola, aids, ebola, malária, tuberculose, gripe aviária, etc. Nesse bloco expositivo, merece devido destaque a tela de 19 m que projeta, em sequência, seis filmes que trazem fotos, gravuras, reportagens e pinturas alusivas ao tema. Entre os assuntos apresentados nesses cerca de 20 minutos de exibição, podemos ver em imagens e relatos a doença de Chagas no Brasil e o fim do otimismo devido ao retorno das epidemias após um período em que a população mundial acreditava que os avanços da ciência as haviam erradicado. “A proposta dessa tela é ser um afresco sobre a história das epidemias, apresentando vídeos de forma bem dinâmica. Vale ressaltar que não é um vídeo tradicional com o objetivo de contar uma história com começo meio e fim, mas sim de jogar informações como se fossem painéis, porém em multimídia”, explica o diretor da Estação Ciência, Helio Dias.

Ainda nesse bloco, alguns painéis apresentam conceitos básicos, como o próprio significado da palavra “epidemia”. E, quando falamos nesse assunto, logo pensamos nos agentes causadores das doenças. Para os desenvolvedores da exposição, a perspectiva que acreditava ser a guerra aos micróbios uma solução para o problema, está ultrapassada. Eles enxergam que o ser humano está ligado a esses agentes segundo uma relação de interdependência. Não é, simplesmente, matando o mosquito que se vai solucionar o problema da dengue, por exemplo.

Exatamente apresentar a complexidade sobre as epidemias é o foco da outra parte da exposição: um enorme tabuleiro eletrônico de 165 m2, no qual cerca de 40 jogadores, simultaneamente, podem passar por uma simulação de crises epidêmicas. O vídeo game simula cinco diferentes cenários, reais ou fictícios: atentado bioterrorista de peste pulmonar em Nova York, gripe pandêmica em Cingapura, aids em Paris, Moscou e Rio de Janeiro, malária em Bamako e dengue no Rio de Janeiro, em 2008. Este último foi especialmente desenvolvido para o Brasil. “A ideia é que o visitante aprenda e principalmente entenda o tema em questão. O objetivo não é simplesmente dar instruções (de prevenção e de ação nesses tipos de situação), mas sim apresentar um panorama completo e a complexidade do tema”, esclarece Dias.

Epidemik vale a visita por reunir grande quantidade de material científico e histórico sobre um tema tão pertinente ao ser humano. E, especialmente num momento em que, como a própria exposição relata, as possibilidades de ações para a erradicação desses problemas são pensadas em níveis globais, vide Organização Mundial da Saúde e afins, o conhecimento mais abrangente sobre a história e os dados dos cientistas tornam-se imprescindíveis para cada criança que nasce num mundo em que a aids ainda é um problema não solucionado, e para cada indivíduo, qualquer que seja sua idade. A mostra, tal qual está montada, com ampla utilização de conteúdo audiovisual e interativo, parece ser uma boa tática para melhor difundir essas informações, especialmente para o público mais novo que, segundo Dias, está “acostumado a uma linguagem bem mais fragmentada e que muitas vezes não se interessa por museus e exposições”.


SERVIÇO
Estação Ciência da USP
Rua Guaicurus, 1394, Lapa (ao lado da Estação Lapa da CPTM)
Até a 26/9 l ter. a sex., 8 às 18h e sáb., dom. e feriados, 9 às 18h (compra de ingressos até 17h40; a Estação Ciência fecha nos feriados que caem às segundas-feiras)
Informações: (11) 3673-7022 | www.eciencia.usp.br | www.epidemik.com.br
*Acessibilidade a portadores de necessidades especiais e a pessoas com deficiência auditiva.

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