por Patrícia Ogando
Cinco mostras individuais de artistas brasileiros estão em cartaz no Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA) até 10 de outubro. Eduardo Sued, Bob Wolfenson, Otavio Schipper, Marcelo Moscheta e Maria Laet expõe seus trabalhos no número 294 da rua Maria Antonia.
Depois de subir pelas escadas de mármore do edifício (caso não escolha subir pelo elevador), o visitante chega ao primeiro andar e vê, no amplo hall, mesas, telégrafos e um telefone preto. A instalação de Otavio Schipper, O inconsciente mecânico, conta ainda com caixas de som que, entre intervalos de uma tentativa quase impossível de silêncio, reverberam uma voz sintética e outros ruídos. Esse trabalho de Schipper propõe investigar a natureza da linguagem e da comunicação entre objetos.
De acordo com o curador, Paulo Venancio Filho,O inconsciente mecânico alude à descrição de uma parábola da evocação sonora da vida mecânica pela tecnologia contemporânea.
No mesmo andar, uma pequena sala com ruído de um projetor abriga Maré incógnita, de Marcelo Moscheta. Tendo, como principal referência, as paisagens marinhas árticas, a mostra reúne imagens em meios variados: séries de polaróides e de postais agrupados seguindo a linha do horizonte, desenhos, slides, entre outros. A montagem parece estabelecer um diálogo entre a representação e a construção de lugares.
Subindo um andar: três salas, três artistas
Em torno do preto/negro apresenta cerca de trinta trabalhos do pintor, desenhista e gravador Eduardo Sued, que já esteve em diversas bienais. A maioria são pinturas recentes do artista. Alguns desenhos de séries anteriores também compõem a mostra. As pinturas, em especial, brincam com formas geométricas lineares, cores vibrantes em contraste com tinta preta, volumes e colagens.
Apreensões, do fotógrafo Bob Wolfenson traz em torno de vinte fotografias de objetos e animais apreendidos pela polícia brasileira e pelo IBAMA. O impacto visual é instantâneo com o tamanho das imagens e com a profusão de objetos retratados: brinquedos infantis, coletes à prova de bala, revólveres, fuzis, máquinas de cartão de crédito, calculadoras, madeiras ilegais, caça níqueis, celulares, máquinas fotográficas, projéteis, pacotes de cocaína, seringas, etc, etc. Nesse trabalho, além de percorrer diversos cantos do país, Wolfenson fez uma escolha técnica, optando pelo sistema digital conhecido como varredura, que possibilita ao observador uma maior compreensão dos detalhes dessas imagens. Dentre as elas, duas talvez mereçam destaque, por associarem objetos, a princípio, distantes: armas de fogo em carrinhos de supermercado.
Desenhos de ar, de Maria Laet reúne duas séries que apresentam desenhos feitos em processos que não utilizam a mão da artista. É a brisa gerada pelo movimento do corpo ou pelo sopro que desloca a tinta em direção ao papel. Preto em contraste com branco, ou gelo são as cores que compões esses trabalhos, acolhidos na pequena sala. Os desenhos variam de tamanhos. Os quatro maiores chegam perto de cobrir as duas paredes em que estão expostos aos pares, pendurados por fio de nylon; os menores estão agrupados em uma das paredes e expostos em molduras de cor branca. Cores e técnicas somam-se nessa mostra transmitindo ao visitante a sensação de leveza. Aqui vale o velho clichê “menos é mais”.
SERVIÇO
Centro Universitário Maria Antonia
Ed. Rui Barbosa l R. Maria Antonia, 294, Vila Buarque
Até 10/10 l ter. a sex., 10h às 21h, sáb.,
dom. e feriados, 10h às 18h
Atividade gratuita
Informações e agendamentos de visitas monitoradas:
(11) 3255-7182, r. 46
www.usp.br/mariantonia
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