Por Patrícia Ogando
Na prova específica do vestibular de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CAC-ECA-USP), os alunos são questionados se têm condições financeiras para acompanhar o curso. Segundo alunos e ex-alunos de bacharelado e licenciatura, como o licenciando Daniel Cordova, a pergunta revela que o curso não é acessível a todos.
Da forma como são estruturados esses cursos hoje, com atividades de manhã e de tarde, a possibilidade do ingressante trabalhar, ao menos nos dois primeiros anos – chamado ciclo básico, com a grade comum para licenciatura e bacharelado – é restrita.
As discussões sobre a necessidade dos cursos serem em um único período, como uma alternativa para ampliar o acesso às classes menos favorecidas, aconteceram durante a IX Semana de Teatro e Educação, que aconteceu de 22 a 25 de novembro deste ano.
Por outro lado, a questão da integralidade também foi apontada como uma possível estratégia pedagógica de imersão do aluno nos estudos teatrais. Mas é fato que potenciais alunos da USP optam por outras universidades no momento da escolha, ou se transferem depois, por não conseguirem se manter no curso sem trabalhar.
Não apenas o processo de seleção é um tanto polêmico, como também o momento posterior à graduação, a hora do ingresso total no mercado de trabalho. Em se tratando de uma universidade pública, como a USP, é imaginado que os alunos formados teriam uma maior “obrigação” de devolver à sociedade o que aprenderam. Isso por terem seus estudos sustentados por ela. No entanto, no caso da licenciatura em Artes Cênicas, o cenário é outro. A maioria dos futuros professores de teatro não entram na rede pública de ensino, mas em cursos particulares, ONGs etc. Um dos motivos para a maioria dos egressos não entrar na rede pública de ensino é precariedade das condições para o ensino de teatro: poucas aulas e muitos alunos, o que, às vezes, acaba desestimulando os futuros professores.
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