Por Patrícia Ogando
No primeiro dia da IX Semana de Teatro e Educação, realizada 22 de novembro pelo Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP, Joaquim Gama, coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro, Suzana Schimitd, coordenadora pegagógica do Projeto Teatro Vocacional e Nelson Galvão, professor da EMEF CEU Perus contaram as dificuldades da parceria entre Teatro e educação nos variados contextos de atuação.
Para Gama, o ensino do Teatro se insere em alguns cenários específicos :a exigência do diploma, bacharéis dando aulas para obter o sustento e a rivalidade entre estes e os licenciados. Segundo ele, esse embate pode ter sua raiz na Lei 5692-71, que colocou a arte em segundo plano, enfatizando o método de ensino. Para reforçar que não existe essa cisão entre ensino e prática, Joaquim cita Viola Spolin, criadora do método de Jogos Teatrais que diz que no Teatro já está inserida a ideia de ensino. Nelson, professor da rede pública desde 2002, complementa ao dizer que “o artista docente tem o papel de – fazer – Teatro, pois ele nos possibilita discutir as relações dos outros componentes curriculares que estão na escola”. Mas, sobre os Jogos Teatrais, ele revela que em sua experiência percebe que os alunos os associam às dinâmicas de grupo.
No contexto do Teatro no ensino formal, Nelson apontou a grande quantidade de alunos na rede pública e o reduzida número de aulas como dificultadores para o ensino, que embora esteja inserido no “hall” das Artes, e, portanto, seja disciplina obrigatória ainda enfrenta certos desafios. As Artes Visuais, por exemplo, predominam nas aulas, em detrimento das outras artes. O professor acredita que há uma desregulamentação da atividade: “há todo um trabalho para desqualificar o professor. Acho que existe uma situação criada pelas políticas”, referindo-se ao fato de professores de outras áreas darem aulas de Teatro.
No cenário das ações culturais, a realidade é diferente. No caso do Programa Vocacional, embora agregue várias modalidades artísticas, o projeto de Teatro é preponderante. Suzana, que trabalha na equipe de coordenação pegagógica, problematiza esse cenário aparentemente promissor para o ensino do Teatro. O fato do programa funcionar por meio de editais e de projetos pontuais implica a não remuneração dos educadores em alguns meses do ano. Além disso, Suzana acredita que o Vocacional e demais ações como essa têm caráter de reguladores sociais: “Finge-se que está acontecendo algo que está mudando a sociedade”, referindo-se a ações que, por exemplo, acabam tirando crianças da rua. “Paraisópolis está igual há cinco anos, tem o CEU lá, mas não faz muita diferença”, diz Suzana. Apesar dos problemas, a coordenadora também comentou os benefícios sociais gerados pelo programa, e sobre as beleza que este exerce ao interligar mundos distantes dentro da cidade de São Paulo.
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