terça-feira, 19 de junho de 2012

Lembrar o passado e pensar o futuro


por Sylvia Miguel, Jornal da USP, 17/06/2012

USP destina R$ 19 milhões para o mais importante programa institucional voltado para a preservação de sua memória e difusão cultural
Foto: Cecília Bastos
A USP sempre pensou o futuro, mas agora irá recuperar, de forma institucionalizada, o seu passado. Toda a sua memória cultural, arquivística, material e documental, que até o momento vinha sendo mantida por unidades e departamentos de forma isolada, agora poderá ser recuperada, revista e ampliada com o incentivo do mais amplo programa de preservação do patrimônio e difusão cultural e científica da Universidade. O estímulo a intercâmbios e atividades de cultura e extensão, a criação do espaço Tenda Cultural Ortega Y Gasset e a instituição do Prêmio Ortega y Gasset em Ciências Humanas completam os editais, lançados dentro dos Programas Especiais & Editais 2012. Os editais estão disponíveis no Sistema Apolo e as inscrições podem ser feitas até o dia 10 de agosto. Mais informações podem ser obtidas na página da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.
A cerimônia de lançamento, promovida pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, no dia 12 de junho, lotou a sala do Conselho Universitário com a presença de diretores e superintendentes de unidades, além do reitor João Grandino Rodas.
Foto: Cecília Bastos

Do total de R$ 19 milhões, R$ 13 milhões serão destinados a três editais distintos. O edital Memória USP utilizará R$ 1 milhão para projetos de valorização, preservação e difusão da memória USP; o edital Preservação de Acervos e Patrimônio Cultural destinará R$ 7 milhões à preservação de acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos em diversas áreas do conhecimento; e, finalmente, o edital Intercâmbio de Atividades de Cultura e Extensão distribuirá R$ 5 milhões para ações de intercâmbio nas áreas de cultura e extensão com instituições congêneres nacionais e internacionais. Todos já estão disponíveis no site do Sistema Apolo.

“Na minha opinião, entre todas as Pró-Reitorias, a mais complexa é a de Cultura e Extensão Universitária, justamente pelo delineamento e contorno de sua competência. Esse conjunto de coisas planejadas é um tanto inédito dentro da Universidade e acredito que possibilitará um avanço ainda maior das humanidades dentro da Universidade”, disse o reitor Rodas.
Os projetos poderão ser apresentados por professores, funcionários e alunos de graduação ou pós-graduação vinculados a unidades de ensino e pesquisa, museus, institutos especializados e órgãos. No caso de estudantes, será necessária a supervisão de um docente responsável pela aplicação dos recursos financeiros.
Foto: Cecília Bastos
Tenda e prêmios – Outros R$ 6 milhões serão investidos na construção da Tenda Cultural Ortega y Gasset, um locus de cultura que abrigará exposições, apresentações artísticas e uma agenda de debates com personalidades de renome nacional e internacional.
A concepção da Tenda Cultural Ortega y Gasset ficará a cargo do escritório de arquitetura Casa Azul, responsável pela criação arquitetônica da Festa Internacional Literária de Paraty (Flip). A mesma linha deverá nortear o novo espaço cultural na USP, segundo o urbanista André Lerner, que durante a cerimônia falou dos conceitos aplicados em alguns dos projetos assinados pela equipe do Casa Azul. Citou a reconstituição da Praça Martins, em Paraty, e também o projeto Biblioteca Parque, uma “ponte biblioteca” que irá integrar duas partes da cidade de Paraty hoje separadas por um rio.
O novo espaço cultural deverá ficar localizado próximo ao Anfiteatro Camargo Guarnieri, no campus do Butantã. Os detalhes finais sobre o projeto ainda seriam acertados em reunião realizada logo após a cerimônia da PRCEU. “Não será uma tenda tradicional, conforme a ideia que temos disso, mas um locusimportante de cultura, com a presença de renomadas personalidades das mais distintas áreas”, disse Rodas.
Os Programas Especiais & Editais 2012 da PRCEU instituíram também o Prêmio Ortega y Gasset em Ciências Humanas, que premiará obras inéditas no campo da reflexão filosófica, cultural, artística e política do Brasil. O prêmio bianual conta com o apoio do Banco Santander, que destinou R$ 400 mil às premiações.
Foto: Cecília Bastos
A premiação será ofertada a docentes e estudantes de mestrado e doutorado, vinculados à USP no período de 1º de junho de 2010 a 31 de maio de 2012. O primeiro lugar receberá R$ 35 mil reais, mais a publicação da obra; o segundo, R$ 20 mil; e a Menção Honrosa, R$ 10 mil.
Memória – “A USP tem acervos culturais e documentais absolutamente vultosos, que merecem um tratamento especializado para que possamos oferecer aos futuros pesquisadores e à sociedade em geral condições de acesso a essa documentação e a esses bens culturais que são públicos e importantíssimos”, disse a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, no vídeo exibido durante a cerimônia.
O documentário mostrou relatos e dificuldades experimentadas por representantes de unidades que empreenderam esforços isolados para preservar a memória da Universidade. “Não seremos uma universidade completa se só bibliotecas forem preservadas, mas se também nossos monumentos estiverem igualmente bem cuidados”, disse José Sidney Colombo Martins, prefeito do campus da capital.
No depoimento da professora Marlene Fenyo Soeiro de Matos Pereira, presidente da Comissão de Cultura e Extensão da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, foi mostrado um museu em sua unidade montado duas vezes, mas que não prosperou porque a falta de espaço físico levou à realocação do lugar para salas de aulas. Com isso, a unidade criou seu museu virtual, onde disponibiliza links em seu site, documentando seu passado, disse.
Plínio Martins Filho, diretor-presidente da Editora da USP (Edusp), atestou no documentário a dificuldade de encontrar material para exposições, que pudesse apresentar a Universidade durante as comemorações dos 75 anos. “Essa dificuldade nos deu a dimensão da necessidade que temos para esses espaços”, disse o diretor.
Foto: Cecília Bastos
A diretora do Arquivo Geral da USP, Johanna Smit, ressaltou que cadernos de campo, protocolos de laboratórios, materiais de apoio em salas de aula também podem contar a história da Universidade e, no entanto, não são arquivados.
“Quando olhamos para trás, não nos lembramos da vida institucional da USP. Nós nos lembramos de pessoas, não de eventos. Quem não entende que na USP cada campo de conhecimento é um campo de filiação espiritual, não compreende a USP”, disse a professora do Instituto de Psicologia Ecléa Bosi.
O diretor do Museu de Zoologia da USP, professor Hussam El Dine Zaher, disse que vê o programa como um momento histórico, em que a USP está virando seu olhar para seus acervos, não só dos quatro museus estatutários, mas também para acervos de unidades, que são importantes e precisavam de apoio institucional. “Finalmente a USP acordou para esse tesouro que ela tem”, disse.

Um comentário:

  1. Olá.
    Estava pesquisando sobre os curso de Artes Cênicas da USP e me deparei com seu blog. Vc faz o curso de artes cênicas da USP ou tem algum contato com eles? Gostaria te fazer algumas perguntas sobre o curso, pq vou prestar vestibular esse ano, mas não há muitas informações sobre esse curso. Se puder entrar em contato, meu e-mail: popweslley@hotmail.com.
    Grato.

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