Como parte da
17ª Semana de Arte e Cultura, foi realizado debate sobre a relação entre a
produção cultural da Universidade de São Paulo e a imprensa, no Paço das Artes.
A mesa, composta pela Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria
Arminda do Nascimento Arruda, pelo Superintendente de Comunicação Social,
Alberto Carlos Amadio, e jornalistas convidados, ressaltou a importância do
jornalismo e seu vínculo com a USP, para dar luz à enormidade de pautas de
interesse público que existem nos campi.
“Não é possível falar sobre o mundo contemporâneo sem debater o papel da
imprensa”, afirmou a Pró-Reitora.
Amadio fez uma
breve apresentação sobre os órgãos de comunicação da Universidade e comentou
sobre o desafio que é liderá-los. Ainda fez questão de enfatizar que, antes de
assumir o cargo, procurou experiências semelhantes ao redor do mundo e
constatou que a USP é uma das únicas a manter um aparato de comunicação desse
porte, uma Superintendência de Comunicação Social.
A mesa seguiu
com Marcello Rollemberg, chefe de redação do Jornal da USP, que mais uma vez
enfatizou a importância da cultura e extensão para fortalecer o vínculo da Universidade
com a sociedade. “A pesquisa de ponta provoca interesse da imprensa, do
público, mas numa relação de espectadores. Eles acompanham a notícia e
verificam seu desfecho. A Cultura e a Extensão, por sua vez, têm um aspecto
mais lúdico, de interação com a Universidade, o que confere reconhecimento a
ela”. Nesse sentido, para Rollemberg, o Jornal da USP é uma janela para a
sociedade.
Para Rinaldo
Gama, editor do caderno “Sabático”, do grupo Estado de S.Paulo, o jornalismo e
a literatura, possuem uma cumplicidade de códigos. Logo, deveriam ser
indissociáveis em suas produções e, da mesma maneira, deveriam funcionar a
imprensa e a Universidade. “Toda vez que uma parte se afasta da outra há um
erro de conceito”, afirma. Exemplificou essas relações de cumplicidade, quando
falou do caderno “Sabático”, reiterando a capacidade crítica que a academia
possui, e o proveito que a imprensa deve tirar disso.
Jorge
Vasconcellos, jornalista que coordena o programa “Sala Literária” na Rádio USP,
apontou para o déficit que as instituições de comunicação da Universidade têm
para dar luz a todo o aparato cultural. “O aparelho de cultura da Universidade
chega a ser escandaloso de tão grande e há um descompasso na capacidade de
informar a sociedade sobre ele”. Para exemplificar, comentou a respeito da
biblioteca do Instituto de Biociências (IB) e da referência mundial que ela é.
Sugeriu ainda que, para lidar com os problemas de conservação e gestão desse
patrimônio cultural, que seja feito um levantamento sobre suas necessidades,
uma espécie de pesquisa-diagnóstica.
Cadão Volpato, jornalista e colaborador de
importantes empresas jornalísticas como a Folha de S.Paulo e o Valor Econômico,
foi o último a falar e afirmou que a USP ainda é sim uma ilha de conhecimento.
Aquilo que nela é produzido continua emparedado dentro do campus, o que confere para o local uma experiência de vida muito
rica, mas insuficiente para o que se é esperado da Universidade. Segundo ele,
parte disso deve-se à mídia, ainda muito ligada a releases oficiais das
publicações editoriais e ao comodismo que impera nas relações da imprensa com a
Universidade. “Os repórteres mal gastam a sola do sapato”, afirmou Volpato mencionando
a cultura consolidada dos atuais jornalistas que mal saem da redação para o
trabalho de apuração e fazem matérias por e-mail.
A mesa, em
suma, reiterou a importância da cultura e da extensão na universidade e, para
além disso, o papel da divulgação e da comunicação para aperfeiçoamento desse
tripé do ensino. Crescendo em qualidade e quantidade, os órgãos comunicacionais
da USP pretendem sanar essa diferença entre o volume de cultura produzida e o
volume de informação divulgada.
por Gabriel Roca, 28/09/2012
por Gabriel Roca, 28/09/2012
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