sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Debate reforça importância do papel da imprensa na divulgação da produção cultural da Universidade



Como parte da 17ª Semana de Arte e Cultura, foi realizado debate sobre a relação entre a produção cultural da Universidade de São Paulo e a imprensa, no Paço das Artes. A mesa, composta pela Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda, pelo Superintendente de Comunicação Social, Alberto Carlos Amadio, e jornalistas convidados, ressaltou a importância do jornalismo e seu vínculo com a USP, para dar luz à enormidade de pautas de interesse público que existem nos campi. “Não é possível falar sobre o mundo contemporâneo sem debater o papel da imprensa”, afirmou a Pró-Reitora.
Amadio fez uma breve apresentação sobre os órgãos de comunicação da Universidade e comentou sobre o desafio que é liderá-los. Ainda fez questão de enfatizar que, antes de assumir o cargo, procurou experiências semelhantes ao redor do mundo e constatou que a USP é uma das únicas a manter um aparato de comunicação desse porte, uma Superintendência de Comunicação Social.
A mesa seguiu com Marcello Rollemberg, chefe de redação do Jornal da USP, que mais uma vez enfatizou a importância da cultura e extensão para fortalecer o vínculo da Universidade com a sociedade. “A pesquisa de ponta provoca interesse da imprensa, do público, mas numa relação de espectadores. Eles acompanham a notícia e verificam seu desfecho. A Cultura e a Extensão, por sua vez, têm um aspecto mais lúdico, de interação com a Universidade, o que confere reconhecimento a ela”. Nesse sentido, para Rollemberg, o Jornal da USP é uma janela para a sociedade.
Para Rinaldo Gama, editor do caderno “Sabático”, do grupo Estado de S.Paulo, o jornalismo e a literatura, possuem uma cumplicidade de códigos. Logo, deveriam ser indissociáveis em suas produções e, da mesma maneira, deveriam funcionar a imprensa e a Universidade. “Toda vez que uma parte se afasta da outra há um erro de conceito”, afirma. Exemplificou essas relações de cumplicidade, quando falou do caderno “Sabático”, reiterando a capacidade crítica que a academia possui, e o proveito que a imprensa deve tirar disso.
Jorge Vasconcellos, jornalista que coordena o programa “Sala Literária” na Rádio USP, apontou para o déficit que as instituições de comunicação da Universidade têm para dar luz a todo o aparato cultural. “O aparelho de cultura da Universidade chega a ser escandaloso de tão grande e há um descompasso na capacidade de informar a sociedade sobre ele”. Para exemplificar, comentou a respeito da biblioteca do Instituto de Biociências (IB) e da referência mundial que ela é. Sugeriu ainda que, para lidar com os problemas de conservação e gestão desse patrimônio cultural, que seja feito um levantamento sobre suas necessidades, uma espécie de pesquisa-diagnóstica.
 Cadão Volpato, jornalista e colaborador de importantes empresas jornalísticas como a Folha de S.Paulo e o Valor Econômico, foi o último a falar e afirmou que a USP ainda é sim uma ilha de conhecimento. Aquilo que nela é produzido continua emparedado dentro do campus, o que confere para o local uma experiência de vida muito rica, mas insuficiente para o que se é esperado da Universidade. Segundo ele, parte disso deve-se à mídia, ainda muito ligada a releases oficiais das publicações editoriais e ao comodismo que impera nas relações da imprensa com a Universidade. “Os repórteres mal gastam a sola do sapato”, afirmou Volpato mencionando a cultura consolidada dos atuais jornalistas que mal saem da redação para o trabalho de apuração e fazem matérias por e-mail.
A mesa, em suma, reiterou a importância da cultura e da extensão na universidade e, para além disso, o papel da divulgação e da comunicação para aperfeiçoamento desse tripé do ensino. Crescendo em qualidade e quantidade, os órgãos comunicacionais da USP pretendem sanar essa diferença entre o volume de cultura produzida e o volume de informação divulgada.

por Gabriel Roca, 28/09/2012

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