quinta-feira, 10 de abril de 2014

BNDES aprova R$ 3,5 milhões para projeto de restauração do Engenho dos Erasmos


Monumento nacional de um dos primeiros engenhos de açúcar do país, Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, em Santos (SP), terão video mapping, passarelas e torre de observação. Sítios históricos e arqueológicos serão mapeados em cinco cidades

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá destinar R$ 3,5 milhões para projeto de revitalização das Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, localizado na cidade de Santos. O lançamento do projeto aconteceu no último dia 7 de abril no auditório do órgão, na zona noroeste de Santos.
O projeto de restauração compreende a construção de plataformas, passarelas e torre de observação, além da instalação do sistema de projeção audiovisual (videomapping). Com as passarelas, o objetivo é ampliar o acesso ao espaço sem danificá-lo, uma vez que permitirá a circulação de visitantes e pesquisadores sem qualquer dano ao sítio arqueológico.
“Trata-se não é apenas um projeto de recuperação de um segmento muito importante da nossa história, mas também de um projeto ao qual estão vinculadas atividades educativas e de pesquisa”, ressaltou o Prof. Dr. Marco Antonio Zago, reitor da Universidade de São Paulo, durante a cerimônia de lançamento do projeto.
De acordo com o edital de apoio a acervos do BNDES, o projeto deverá ser executado em até 36 meses. De acordo com a diretora do Monumento Nacional Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, o mapeamento dos sítios arqueológicos, por exemplo, terá início já no mês que vem.  
Em parceria com o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – a Universidade de São Paulo irá realizar o mapeamento dos sítios históricos e arqueológicos de cinco municípios da Baixada Santista: Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Bertioga. O objetivo é verificar a existência de sítios arqueológicos semelhantes às ruínas do Engenho dos Erasmos na região.
O trabalho abrange o diagnóstico das áreas de interesse, o levantamento de documentação referente aos bens selecionados, estudo das condições de cada bem, elaboração preliminar de roteiros de visitas, produção de materiais de apoio e divulgação e educação patrimonial.
As passarelas possibilitarão ampliar o volume de visitas sem comprometer o terreno, além de permitirem que o trabalho arqueológico seja retomado. Com um mirante de 16,25 metros de altura, a torre de observação terá quatro pavimentos e área total de 546 metros quadrados.
O videomapping é um desejo antigo da Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda, para as Ruínas do Engenho. Para a pró-reitora, “o projeto irá ampliar outras iniciativas educativas e, ao mesmo tempo, revistar as áreas e bairros que circundam a região”. O espetáculo de luz e som será projetado sobre as estruturas das ruínas, acompanhado de narrativa simultânea sobre a história da economia do açúcar. 
O videomapping é uma técnica de projeção em superfícies diversas, tais como estruturas de grandes dimensões, monumentos históricos e fachadas de prédios. A atração permitirá a ampliação do uso e do horário de visitação do espaço, incorporando-o ao circuito turístico da cidade.

História
A expedição de Martim Afonso de Souza e a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, marcam o início da manufatura açucareira de larga escala no Brasil.  Com este propósito o governador da Capitania de São Vicente mandou construir um engenho, inicialmente conhecido como Engenho do Governador ou Engenho do Trato. Em 1540, o engenho foi vendido para Erasmo Schetz, período em que alcançou o seu auge. Católicos, os Schetz construíram no local uma capela dedicada a S. Jorge, padroeiro de Portugal. O engenho passou a ser conhecido na região como “São Jorge dos Erasmos”.
Vários fatores contribuíram para a decadência do engenho, vendido em 1620: a concorrência do açúcar do Nordeste, ataques piratas, desinteresse comercial dos Schetz.  Em menor escala, continuou produzindo cana para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno. Em 1958, após passar por diversos proprietários, o engenho é doado à Universidade de São Paulo.
Verdadeiro “museu a céu aberto”, o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos é o marco histórico de um dos primeiros “engenhos de açúcar” construídos no país e o único exemplar arquitetônico do século XVI na modalidade “engenho de açúcar” que ainda preserva reconhecida autenticidade.
Lançamento do projeto aconteceu no dia 7 de abril em Santos (SP)

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