Monumento nacional de um dos primeiros engenhos de açúcar do país, Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, em Santos (SP), terão video mapping, passarelas e torre de observação. Sítios históricos e arqueológicos serão mapeados em cinco cidades
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá destinar R$ 3,5 milhões para projeto de revitalização das Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, localizado na cidade de Santos. O lançamento do projeto aconteceu no último dia 7 de abril no auditório do órgão, na zona noroeste de Santos.
O projeto de restauração compreende a construção de plataformas, passarelas e torre de observação, além da instalação do sistema de projeção audiovisual (videomapping). Com as passarelas, o objetivo é ampliar o acesso ao espaço sem danificá-lo, uma vez que permitirá a circulação de visitantes e pesquisadores sem qualquer dano ao sítio arqueológico.
“Trata-se não é apenas um projeto de recuperação de um segmento muito importante da nossa história, mas também de um projeto ao qual estão vinculadas atividades educativas e de pesquisa”, ressaltou o Prof. Dr. Marco Antonio Zago, reitor da Universidade de São Paulo, durante a cerimônia de lançamento do projeto.
De acordo com o edital de apoio a acervos do BNDES, o projeto deverá ser executado em até 36 meses. De acordo com a diretora do Monumento Nacional Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, o mapeamento dos sítios arqueológicos, por exemplo, terá início já no mês que vem.
Em parceria com o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – a Universidade de São Paulo irá realizar o mapeamento dos sítios históricos e arqueológicos de cinco municípios da Baixada Santista: Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Bertioga. O objetivo é verificar a existência de sítios arqueológicos semelhantes às ruínas do Engenho dos Erasmos na região.
O trabalho abrange o diagnóstico das áreas de interesse, o levantamento de documentação referente aos bens selecionados, estudo das condições de cada bem, elaboração preliminar de roteiros de visitas, produção de materiais de apoio e divulgação e educação patrimonial.
As passarelas possibilitarão ampliar o volume de visitas sem comprometer o terreno, além de permitirem que o trabalho arqueológico seja retomado. Com um mirante de 16,25 metros de altura, a torre de observação terá quatro pavimentos e área total de 546 metros quadrados.
O videomapping é um desejo antigo da Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda, para as Ruínas do Engenho. Para a pró-reitora, “o projeto irá ampliar outras iniciativas educativas e, ao mesmo tempo, revistar as áreas e bairros que circundam a região”. O espetáculo de luz e som será projetado sobre as estruturas das ruínas, acompanhado de narrativa simultânea sobre a história da economia do açúcar.
O videomapping é uma técnica de projeção em superfícies diversas, tais como estruturas de grandes dimensões, monumentos históricos e fachadas de prédios. A atração permitirá a ampliação do uso e do horário de visitação do espaço, incorporando-o ao circuito turístico da cidade.
História
A expedição de Martim Afonso de Souza e a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, marcam o início da manufatura açucareira de larga escala no Brasil. Com este propósito o governador da Capitania de São Vicente mandou construir um engenho, inicialmente conhecido como Engenho do Governador ou Engenho do Trato. Em 1540, o engenho foi vendido para Erasmo Schetz, período em que alcançou o seu auge. Católicos, os Schetz construíram no local uma capela dedicada a S. Jorge, padroeiro de Portugal. O engenho passou a ser conhecido na região como “São Jorge dos Erasmos”.
Vários fatores contribuíram para a decadência do engenho, vendido em 1620: a concorrência do açúcar do Nordeste, ataques piratas, desinteresse comercial dos Schetz. Em menor escala, continuou produzindo cana para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno. Em 1958, após passar por diversos proprietários, o engenho é doado à Universidade de São Paulo.
Verdadeiro “museu a céu aberto”, o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos é o marco histórico de um dos primeiros “engenhos de açúcar” construídos no país e o único exemplar arquitetônico do século XVI na modalidade “engenho de açúcar” que ainda preserva reconhecida autenticidade.
Lançamento do projeto aconteceu no dia 7 de abril em Santos (SP)